sábado, 7 de abril de 2012

Indagações de Páscoa

Dizem que Jesus morreu na cruz para nos salvar... Mas nos salvar de que? Será que estamos dessa forma em perigo que precisamos de um salvamento para evitar o pior? Se não prevejo um pior, o que seria essa tal salvação?
Eu prefiro acreditar Jesus nos salva é do nosso próprio ego, tornando-se um exemplo humano e real de que é possível ter tanto amor por tudo e por todos, tamanha entrega e fé naquilo que é, que é possível aceitar até mesmo a crueldade e injustiça que existem no mundo. Você seria capaz de viver em tamanho amor???

O importante nas histórias não são os detalhes, mas o porque foram contadas...

sábado, 31 de março de 2012

Marfim

Navios esguios cantantes,
seus mares distantes esvaem sem fim
Calouros de amor trovejantes
Suspiros pensantes
Que brotam de mim...
Carmim que perfuma o vento
Louco, leve, truculento
Ardor e tormento
conluio de Sim!

sexta-feira, 16 de março de 2012

Desabafo

"Aceitar as pessoas, as coisas e as situações exatamente como são"

Eis um dos mais importantes princípios da ESPIRITUALIDADE. E a espiritualidade está acima da religião... isso porque religião se baseia em um conjunto de conceitos, de ritos, de formas... enquanto a espiritualidade se baseia simplesmente na real natureza humana, aquilo que é comum a todos nós. Vc não precisa ter uma religião pra viver na espiritualidade. Mas
sem espiritualidade, vc não pode compreender nenhuma religião...

Há centenas de anos, e até hoje, as interpretações fundamentalistas das escrituras e culturas ou conceitos religiosos de todos os tipos são a fonte de repressão, sofrimento e inúmeras guerras em todo o mundo. Será que não está na hora de mudar isso???

Falem o que quiserem, o homossexualismo já atravessou tantas barreiras, tantos séculos, tantas culturas... vocês realmente acreditam que só porque uma ou outra interpretação diz isso ou aquilo ela deixará de existir?

Não. Feliz ou infelizmente, não...

Sexualidade (seja homo, hétero ou bi) é da natureza humana. Quando nascemos não somos isso ou aquilo, simplesmente somos... um... integrados com toda a natureza... nosso crescimento e desenvolvimento é que vai ditando os rumos da nossa conduta sexual. Nenhum menino se torna gay por brincar com bonecas, ou meninas se tornam lésbicas por brincarem com caminhões... crianças brincam... adultos julgam... E lamentávelmente o que se vê é muito julgamento sendo lançado às nossas crianças, é muito preconceito sendo construído onde não existia. Quando crianças todas as potencialidades são válidas, são certas, são belas. Na espiritualidade todos os caminhos levam ao mesmo lugar...

Eu fico intrigado com esse discurso moralista e repressivo de algumas religiões mais ortodoxas. É muita ignorância. É muito achismo e falta de empatia de quem não tem nada a ver com o assunto. E o resultado é o que a gente vê por aí... gays sendo agredidos, enterrados vivos, maltratados e reprimidos desde a infância...

Eu convivo muito bem com minha sexualidade e posso dizer: não existe ex-gay... existem sim pessoas que reprimiram seu desejo sexual para se adequarem em um determinado grupo social. Mas negar sua própria natureza só pode resultar em frustração, receio de não serem aceitas e infelicidade. Coisas que certamente serão cobradas mais cedo ou mais tarde... Se vcs duvidam disso, apenas se perguntem se vcs conseguiriam mudar de orientação, considerem nunca mais olhar para homens ou mulheres (sua preferência), sentir desejo ou atração... Não precisa dizer a resposta, apenas seja sincero com seu coração e escute o que ele tem a dizer... Nós gays funcionamos da mesma forma que vocês heteros (evangélicos ou não), acredite!

A luta contra a homofobia é a mesma luta pela igualdade e respeito que todos os seres humanos tem direito. Pelo fim da ignorância que é a raiz do preconceito, do bulling, do ódio, da intolerância, do medo... da infelicidade. Já demos tempo o suficiente para tudo isso, está na hora de tentarmos outra saída, o AMOR...

último caminhar sob a lua


What a guy! What a fool am I? To think my broken heart could kid the moon…

... e dali a pouco, já era madrugada. Eu nunca havia andado tão tarde assim, em breu tão fechado.

E então alguém me deu a lua e a lua clareou meu caminho. Toda a cintilância do brilho era bela.

Eu supus saber andar sob esse brilho... Mas não. Mas não. Eu supus guardar a lua entre meus seios... Mas não, mas não.

Então, o brilho da lua era menor, minguava, até que se apagou completamente. Não parecia o mesmo astro. E essa lua nova, a ela eu não podia ver, ela não me clareava, ela era quase nada.

Caminhei no escuro por tanto tempo que estranhei quando a lua voltou a crescer sua luz. Senti como a plúmbea noite houvera passado. Mas não, mas não. Senti a lua brilhar entre meus seios. Mas não. Mas não.

Noite é noite com e sem a lua. Eu supus que ela me guardaria ainda que só por mais uns passos. Eu supus. Eu supunha. Sempre eu supondo demais, porque a lua clareia quase nada.

A verdade é que ainda que brilhe, a lua é lua (e a noite é noite). A lua brilha no céu, branca, fria, intocável. Ela brilha pra se mostrar a quem for, nunca pra guiar quem a quer.

Eu já quis ser um eclipse lunar para alguém e aprendi a caminhar sem ver. Mas então pedi que recolhesse sua lua... 

E não tenho muito tempo pra aguardar uma alvorada: sigo caminhando enquanto corre a madrugada. Busco a luz constante de um cálido cruzeiro do sul.

domingo, 11 de março de 2012

Impressões QUOtidianas

Não se desespere, Lia Lee. O Mundo é que ficou muito técnico. Muito patéticamente e precisamente controlado, quase atordoado... Agendas comprimidas, pessoas comprimidas, apertozinho de amor... assim, quase nada. Preciso protestar, sim, é necessário! Onde está nossa simpatia? Nossa alegria? Nossa gentileza? Onde está esse nosso calor? Será que tudo está sendo terminantemente resfriado ou algo assim? Medos e angústias patéticos em 300 ml do Rivotril mais próximo. "Me deixem dormir!". Será que é isso a verdade??? Essa eu não quero pra mim não... tic!

Literalmente opostos... patéticamente, eu diria
Travessos, marejantes, em deriva
Manejados de amolecência divina
Que será que é a sorte?

Tudo culpa da mente mais próxima, a sua. Sabe que ela é meio doida né? Costuma aprontar umas, atravessa coisas com coisas. Dizem por aí que é dessas faceiras que aparecem de improviso... te saltam, te driblam, te pegam. Mentes concretas, secretas... doidas, alguns diriam até anormais... "Mentes selvagens" para as balzacas, minhas prediletas. Mentes que mentem, mon' amour! Sabe-se lá qual foi a razão disso tudo, mas quando tudo foi criado, ele também tinha que separar-se. De um rumo a outro, no infinito. O bucho do céu foi assim, atirado em todas as direções, explodiu-se em si mesmo... E de si criou-se o tudo, e nele o mundo, e no mundo nóis... Nessa arriminada toda, nessa empreitada divina, a gente saiu assim meio partido. De si em si é muita coisa que nem mesmo dá pra se ver... Um bando de partes... confusas, difusas, complexas... umas bacanas, umas tristonhas, umas sacanas... De tudo a tudo, atravessando o infinito. Tudo se arremessou na eternidade... Nesse vai e vem infinito onde você só pode saber o que é um, conhecendo o que é o outro...

"Sentir tudo de todas as maneiras
Ter todas as opiniões,
Ser sincero contradizendo-se a cada minuto,
Desagradar a si próprio pela plena liberalidade de espírito,
E amar as coisas como Deus." (F. Pessoa)

Não se negligencie de si. Tudo vai mudar e mudar até ficar assim irreconhecível, o vir e o voltar. A impermanência... intransigência... e transigência... Tanta coisa pra aceitar. Quando o mundo passar na sua porta, receba-o muito bem... Cuide daquilo que o mundo te dá. Agradeça com carinho... Isso vai sempre florir enquanto você regar... Não se preocupe com o resto. Tudo vai se encaixar de alguma forma... Deixe que o mundo venha!!! Venha pro mundo também!!!

quarta-feira, 7 de março de 2012

... e eis-me aqui, linda de viver, mas sem saber muito como. Digo: não sei como viver, já ser linda se tornou parte da minha profissão.
É curioso, sabe... Isso de ser bonita se tornou, pra mim, uma verdadeira questão existencial. Por um lado, um pecado capital que me pega é a vaidade. Sempre gostei de ser bonita, sempre gostei muito. Por outro lado (e não que isso deixe de fazer parte de minha vaidade) sempre fui e gostei de ser inteligente. O problema é que aparência é uma coisa que você controla, mas não como as pessoas percebem essa aparência. E as pessoas, mais das vezes, trabalham suas psicologias com pares de oposição. Aquela velha e boa lógica maniqueísta: Como bonita, se inteligente? Como inteligente, se bonita? Não, ou uma coisa ou outra.
Então, se você for bonita e se cuidar bem, se você realmente se preocupar em manter a beleza que tem, sua inteligência fica desqualificada e ninguém mais se preocupa com ela. Isso daqui a pouco vai passar a atrapalhar, e muito, a sua vida. Em geral, se for mais largadinha, vai ser mais respeitada por seus atributos não-visuais.
Eu estive conversando sobre isso com meu mestre espiritual, um bailarino amigo meu... Dizia: gosto muito de ser bonita e de me ver bonita. O que me incomoda ultimamente é que as outras pessoas também me vêem assim... E só assim. Acho chato, desagradável, em especial porque as pessoas costumam costurar beleza e sexo quase que imediatamente.
Não, eu não vou deixar de ser bonita pra parar de passar por isso. Não, eu não vou deixar de ser inteligente porque sou bonita... Sim, eu vou envelhecer e vou continuar bonita... e inteligente. Eu espero que o mundo seja maduro o bastante pra entender isso... E que eu seja resistente o bastante pra resistir a ele. Por enquanto, minha alma ainda está fechada pra balanço - e meu corpo, aberto ao Rivotril.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Calamidade

Faz tempo que não passo por aqui né? Mas é que às vezes parece que vai ficando tudo tão confuso. São muitos... tantos de mim que mal cabem em mim mesmo. São vários. São todas as coisas. E dessa forma adivinham tudo. Sabem tudo. Compreendem o absoluto. E com aquela certeza e tranquilidade que só poderia dizer um homem livre. Um homem para o qual já não importa mais o passado ou o futuro. O que aconteceu ou o que está por vir... É um deles... faz parte da legião... assim como todos os outros... nem mais, nem menos... nem maior, nem menor... simplesmente igual. Os outros, como numa escala, apresentam todas as outras variações. Como um contraste que vai se definindo de um extremo ao outro. Neles estão todos os pensamentos. Neles estão todos os sentimentos. E, dessa forma, cada segundo é uma nova disputa para o privilegiado que conseguir garantir sua expressão. De que importa o certo ou o errado? O sonho ou a realidade? A alegria ou a tristeza? De que importa tudo, se tudo é efêmero??? Se tudo o que é deixará de ser em instantes... ou amanhã... ou no ano que vem... O tudo também é nada... Assim como o nada é tudo. E entre tantos e entre ninguém, prefiro ser coisa alguma e também todas as coisas... Porque tentar me achar é como mais me perder...

domingo, 3 de abril de 2011

PASSAGEM DAS HORAS

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.

A entrada de Singapura, manhã subindo, cor verde,
O coral das Maldivas em passagem cálida,
Macau à uma hora da noite... Acordo de repente...
Yat-lô--ô-ôôô-ô-ô-ô-ô-ô-ô...Ghi-...
E aquilo soa-me do fundo de uma outra realidade...
A estatura norte-africana quase de Zanzibar ao sol...
Dar-es-Salaam (a saída é difícil)...
Majunga, Nossi-Bé, verduras de Madagascar...
Tempestades em torno ao Guardafui...
E o Cabo da Boa Esperança nítido ao sol da madrugada...
E a Cidade do Cabo com a Montanha da Mesa ao fundo...

Viajei por mais terras do que aquelas em que toquei...
Vi mais paisagens do que aquelas em que pus os olhos...
Experimentei mais sensações do que todas as sensações que senti,
Porque, por mais que sentisse, sempre me faltou que sentir
E a vida sempre me doeu, sempre foi pouco, e eu infeliz.

A certos momentos do dia recordo tudo isto e apavoro-me,
Penso em que é que me ficará desta vida aos bocados, deste auge,
Desta entrada às curvas, deste automóvel à beira da estrada, deste aviso,
Desta turbulência tranqüila de sensações desencontradas,
Desta transfusão, desta insubsistência, desta convergência iriada,
Deste desassossego no fundo de todos os cálices,
Desta angústia no fundo de todos os prazeres,
Desta sociedade antecipada na asa de todas as chávenas,
Deste jogo de cartas fastiento entre o Cabo da Boa Esperança e as Canárias.

Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz.

Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque, de tão interessante que é a todos os momentos,
A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
A dar vontade de dar gritos, de dar pulos, de ficar no chão, de sair
Para fora de todas as casas, de todas as lógicas e de todas as sacadas,
E ir ser selvagem para a morte entre árvores e esquecimentos,
Entre tombos, e perigos e ausência de amanhãs,
E tudo isto devia ser qualquer outra coisa mais parecida com o que eu penso,
Com o que eu penso ou sinto, que eu nem sei qual é, ó vida.

Cruzo os braços sobre a mesa, ponho a cabeça sobre os braços,
É preciso querer chorar, mas não sei ir buscar as lágrimas...
Por mais que me esforce por ter uma grande pena de mim, não choro,
Tenho a alma rachada sob o indicador curvo que lhe toca...
Que há de ser de mim? Que há de ser de mim?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Quereres...

Eu quero as declarações de amor de um poeta!!!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Tentação

Por que me tentas, demônio? Por que?
Lançando esses olhos apertados, essa boca úmida, esse cheiro de amor.
Escorre pelos meus dedos longos, pelo meu colo quente.
Sempre que me rendo a tocá-lo...
Ah menino, faz isso não!
Não te disseram que é feio?
E vc, alheio, sempre soube e concordou?
Mas como, sendo assim, mantém esse mesmo olhar ingênuo
Esse sabor inocente no teu caminhar sereno.
Como???
Essas palavras a procurar pelas minhas
Um contornar de versos, de prosa, de rimas...
Um bailar doce e sensual de objetos e sujeitos
Esses que não se cruzam
Não se dizem
Não se conhecem
E mesmo assim, como se seduzidos um pelo outro
Irresistivelmente resignados a essa dança eterna
Doce e monótona
Esse adivinhar de coisas, esse desejar constante
Esse querer sem fim
Ah, menino!!!
Não obstante, ainda assim hei de te condenar
E se o Universo, redentor dos meus sonhos
Cumpridor de promessas, realizador de desejos
Se este mesmo Universo assim não conspirar
E se puser a protegê-lo das penas a que hei de te dar
Dizê-lo hei teu cúmplice.
Reservarei o cárcere.
E a ambos irei me negar.